quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

"Diga-me, o judeu pode fazer alguma coisa que não cheire, e mal, a judaísmo aos céus magnânimos? Há gois para quem nós fedemos porque eles nos menosprezam, há gois para quem fedemos porque eles nos admiram. Depois há os gois que nos admiram e desprezam ao mesmo tempo; estes estão realmente irados. Não há fim para isso. Antes, o que era repelente nos judeus era seu sentimento de clã, depois o que se tornou absurdo foi o ridículo fenômeno da assimilação judaica, e agora é a independência judaica que é inaceitável e injustificável. Antes era a passividade judaica que era nojenta, o judeu humilde, o judeu acomodado, o judeu que marchava feito carneiro para seu próprio sacrifício; agora o que é pior que nojento, absolutamente diabólico, é a força, a militância judaica. Antes o repugnava a todos os robustos arianos era a morbidez judaica, judeus frágeis em corpos judeus fracos a emprestar dinheiro e estudar livros; agora o que enoja são os judeus fortes que sabem usar da força e que não têm medo do poder. Antes eram os judeus cosmopolitas que eram estranhos, hostis, em quem não se podia confiar; hoje o que é hostil são os judeus com arrogância bastante para acreditar que podem decidir seu próprio destino como qualquer outro em sua própria terra natal. Escute, os árabes podem ficar aqui e eu posso ficar aqui e juntos poderemos viver em harmonia. O árabe pode ter a experiência que quiser, viver aqui como quiser e ter tudo que desejar, exceto a experiência de um Estado próprio. Se ele quer isso, se não pode passar sem isso, então que se mude para um Estado árabe onde poderá passar por essa experiência. Existem quinze Estados árabes a escolher, a maioria nem a uma hora daqui, de carro. A terra natal árabe é vasta, é enorme, mas o Estado de Israel não é mais que um ponto no mapa mundial. Você pode por o Estado de Israel sete vezes dentro de Illinois, mas é o único lugar em todo o planeta onde um judeu pode experimentar um Estado próprio, e é por isso que não cederemos terreno!"

Lippman em "O avesso da vida" de Philip Roth

Um comentário: